Reality shows e a triste realidade cultural brasileira

Texto: Juliana Ferraz

É curioso como a população mundial procura, cada vez mais, formas de entretenimento vazias, alienantes, que não trazem enriquecimento intelectual ou pessoal. Com isso, empresários de comunicação investem em revistas de fofoca ou programas televisivos de gostos duvidosos, que se proliferam, enriquecendo quem se aproveita dessa fatia de mercado alimentada pela grande massa.

Os meios de comunicação que foram criados com o objetivo de serem informativos e educativos, apresentam espetáculos deprimentes, como discussões familiares que deveriam ser privadas e não públicas, novelas cuja promiscuidade tem  mais valor que uma boa história e programas de fofocas sobre “pessoas conhecidas”.

Procurando ter espaço e visiblidade nesse tipo de espetáculo, aspirantes a celebridades fazem qualquer coisa. Antes, se envolviam em escândalos ou engravidavam de alguém famoso, para ver se respingava um pouco da fama do outro. Agora, participam dos mais diversos realitys shows que contaminam a TV.

Para ganharem mais notoriedade dão aquela repaginada no visual e infelizmente, é nas mulheres que fica mais fácil acompanhar essa transformação, os cabelos se aloiram, implantam generosos mililitros de silicone em cada seio, fazem lipoescultura, lifting, peeling, reformam os dentes e mudam até a cor dos olhos.  Todos seguindo a profecia de Andy Warhol, que na década de 60 afirmou que um dia, todos teriam direito a 15 minutos de fama.

A febre no Brasil começou em 2000, com o “No Limite”, que não priorizava apenas bunda, peito, músculos e sexo, mas resistência física e psicológica. A primeira edição do programa até que fez certo sucesso, mas as outras tentativas não foram tão promissoras. Depois dele vieram vários outros, mas foi com o fenômeno “Big Brother”, com sua primeira edição no país no final do mesmo ano, que esse gênero de entretenimento se consagrou. Para grande alegria do visionário empresário holandês John de Mol, que criou o formato em 1999 e exportou a fórmula para o mundo.

A cada ano é apresentado por meses em horário nobre um espetáculo vazio de conteúdo, mas repleto de vulgaridade. Mulheres seminuas rebolando e se insinuando, em tese, para os homens participantes, mas que na verdade é para o público e para a revista masculina que melhor pagar por um ensaio nu, sem falar nas discussões e “barracos gratuitos” protagonizados pelos seus “heróis”.

Após dez anos de muita audiência e dinheiro nos cofres da mais poderosa emissora de TV do Brasil, sua 11ª edição não obteve tanto sucesso como as demais, o que fez com que sua duração fosse diminuída pela metade. Será que a população já enjoou de tanto peito, bunda e apelo sexual, querendo um novo formato de reality show para apreciarem? Ou será que finalmente estão adquirindo a consciência de que há necessidade de mais cultura nos meios de comunicação? Isso só o tempo dirá… mas temo que essa consciência ainda tardará a chegar e enquanto isso, dá-lhe alienação.

Sobre Jean-Frédéric Pluvinage

Diretor da FoxTablet. Formado em Design Gráfico pelo SENAC e Jornalismo pelo CEUNSP. Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo LABJOR/UNICAMP.
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2 respostas a Reality shows e a triste realidade cultural brasileira

  1. Daniel diz:

    Acredito que a população não tenha enjoado de peitos e bundas, apelos sexuais, e estão apenas cansadas ( ja era tempo mas de dez anos de mesmice em BBB) do mesmo, e juntamente com as novas programações em diversas emissoras, o BBB tornou-se “rotineiro, enjoativo”, as pessoas apenas mudaram de programas televisivos, mas continuam e continuarão à procura dos apelos sexuais, deixando assim a grande maioria, de assistir a programas com maior “cultura e sabedoria” os quais possam conter conhecimentos e sabedoria para o nosso cotidiano, nossa vida. Infelizmente é sabido que quem controla os meios de comunicação (principalmente TV) controla “a massa” e faz dela o que bem quiser.

  2. Natalia Espinosa Ventura diz:

    Vamos lembrar tb que existem vários reality´s excelentes e que agregam conhecimento ao nosso dia-a-dia, eu por exemplo como trabalho com cães, não perco o “Encantador de Cães”. Além de outros ligados ao conhecimento corporativo, comportamental, médicos, dentre outros.

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