FÊNIX RESSURGE DAS CINZAS… NÃO! RATINHO RESSURGE COMO FÊNIX!

Texto: Juliana Ferraz

Atenção! Atenção! Está na hora da degradação do ser humano. Está no ar o Programa do Ratinho!

Em horário nobre, de segunda a sexta, pessoas se postam a frente da TV para ver famílias “lavando roupa suja” e descobrindo quem é o pai da criança. Mulheres com bastante conteúdo corporal e quase nenhum intelectual, em competições banais. Humoristas sem graça… Isso só para citar um dos pontos do roteiro brilhante desse famoso roedor.

Que tipo de pessoa assiste a esse tipo de programa? Certamente a grande massa, muito parecida com aquela dos tempos da política do pão e circo. Só que, agora, pela escassez do pão, procuram distrair sua fome somente com a parte circense do entretenimento. Um público fiel, que acompanha Carlos Massa há anos.

Esse Ratinho, muito do esperto, fez fortuna com a desgraça alheia. Agora, além de funcionário, também é patrão, pois é proprietário da Rede Massa, que cobre todo o Estado do Paraná e possui quatro afiliadas do SBT, a TV Iguaçu (Curitiba), a TV Tibagi (Apucarana), a TV Cidade (Londrina) e a TV Naipi (Foz do Iguaçu), além de várias emissoras de rádio.

Mas se engana quem pensa que somente as camadas pobres e desprovidas de erudição se deleitam com a “baixaria televisiva”. Pode-se ver pessoas de classe média e quiçá alta dando audiência e gargalhando com esse humor, digamos que deveras negro. Por que o fazem? Difícil saber. Fuga da realidade, momento para esquecer-se dos próprios problemas, enquanto diverte-se com o problema do outro… Os motivos são vários. Mas a verdade é que pessoas das mais diversas classes culturais e sociais sentam-se à frente da TV para prestigiar esse produto sensacionalista.

Isto certamente atrai anunciantes, haja vista, o Programa do Ratinho ser repleto de publicidade. Sai ganhando Carlos Massa e ganha mais ainda o “Homem do Baú” (aliás, esse homem talvez não ande com tanto tino para os negócios, pois o Baú faliu, o Banco quebrou… hum… vamos deixar esses acontecimentos para outra conversa).

Não se pode negar, com a reformulação da grade de programação do SBT, o todo poderoso ditador Senor Abravanel deu uma jogada de mestre, ressuscitando das cinzas o Programa do Ratinho, que infelizmente, segundo o IBOPE, durante o horário mantém o segundo lugar na audiência e, por muitas vezes, chega ao primeiro. É, tanta baixaria, sensacionalismo e exploração humana traz benefícios. Com certeza, o beneficiado não é o telespectador.

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O inebriante sabor da liberdade

Texto: Juliana Ferraz

Em uma tarde ensolarada, ao caminhar por um bairro tido como “alto padrão”, meus olhos se arregalaram para melhor admirar aquelas enormes e belíssimas casas, seus belos jardins e luxuosos carros em suas garagens. Era tudo tão lindo, tão ostentador.

Logo pensei como as pessoas que ali moravam eram felizes, possuíam uma bela morada, poderiam adquirir tudo que quisessem, visitar qualquer lugar, viajar, conhecer o mundo. Eram livres (e endinheiradas) para sonhar.

Comecei a pensar como queria ser uma daquelas pessoas, morar naquelas casas, dirigir aqueles carros, ter aquela vida.

Olhei, olhei, olhei mais um pouco e comecei a ver melhor… vi que em volta das casas haviam diversos homens cuidando da segurança. Que os carros eram blindados e que, na porta de uma escola de educação infantil desse mesmo bairro, haviam diversos seguranças.

Notei que nesse lugar haviam praças e parques, mas neles não havia nenhuma criança brincando. Também não havia ninguém passeando por aquelas ruas. Comecei a questionar se tanto dinheiro trazia liberdade e felicidade. Se realmente essas pessoas podiam fazer o que queriam. É! Acho que dinheiro em demasia nos priva da simplicidade do cotidiano, nos aprisiona.

Não estou dizendo que dinheiro não é necessário e bem-vindo. Todos querem ter uma casa confortável, uma mesa farta, acesso à educação e à cultura. Mas como diz a sabedoria popular, tudo em excesso faz mal.

Lembro de minha infância, quando brincava na rua ou de minha adolescência, quando passeava com meus amigos, sentia-me tão livre, era tão bom! Será que essas pessoas já sentiram a naturalidade das coisas simples? Acho que não.

Na sociedade do ter, o homem passa a vida inteira sonhando em possuir coisas que nem sabem ao certo se realmente precisam, apenas querem ter, ter, ter… esquecem de ser e o doce sabor que isso tem. Esquecem do quanto é bom ser livre, do quanto é bom ser feliz.

Acredito que enquanto eu caminhava por aquelas ruas admirando a vida daquelas pessoas, elas também me olhavam (por trás das grades de suas janelas), admirando como eu andava sossegada, sem medo de que algo ruim me acontecesse, por causa de dinheiro ou status social.

Nos anos 80, os Titãs já anunciaram e, em 2011 essa frase faz cada vez mais sentido: “Homem primata, capitalismo selvagem”.

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Reality shows e a triste realidade cultural brasileira

Texto: Juliana Ferraz

É curioso como a população mundial procura, cada vez mais, formas de entretenimento vazias, alienantes, que não trazem enriquecimento intelectual ou pessoal. Com isso, empresários de comunicação investem em revistas de fofoca ou programas televisivos de gostos duvidosos, que se proliferam, enriquecendo quem se aproveita dessa fatia de mercado alimentada pela grande massa.

Os meios de comunicação que foram criados com o objetivo de serem informativos e educativos, apresentam espetáculos deprimentes, como discussões familiares que deveriam ser privadas e não públicas, novelas cuja promiscuidade tem  mais valor que uma boa história e programas de fofocas sobre “pessoas conhecidas”.

Procurando ter espaço e visiblidade nesse tipo de espetáculo, aspirantes a celebridades fazem qualquer coisa. Antes, se envolviam em escândalos ou engravidavam de alguém famoso, para ver se respingava um pouco da fama do outro. Agora, participam dos mais diversos realitys shows que contaminam a TV.

Para ganharem mais notoriedade dão aquela repaginada no visual e infelizmente, é nas mulheres que fica mais fácil acompanhar essa transformação, os cabelos se aloiram, implantam generosos mililitros de silicone em cada seio, fazem lipoescultura, lifting, peeling, reformam os dentes e mudam até a cor dos olhos.  Todos seguindo a profecia de Andy Warhol, que na década de 60 afirmou que um dia, todos teriam direito a 15 minutos de fama.

A febre no Brasil começou em 2000, com o “No Limite”, que não priorizava apenas bunda, peito, músculos e sexo, mas resistência física e psicológica. A primeira edição do programa até que fez certo sucesso, mas as outras tentativas não foram tão promissoras. Depois dele vieram vários outros, mas foi com o fenômeno “Big Brother”, com sua primeira edição no país no final do mesmo ano, que esse gênero de entretenimento se consagrou. Para grande alegria do visionário empresário holandês John de Mol, que criou o formato em 1999 e exportou a fórmula para o mundo.

A cada ano é apresentado por meses em horário nobre um espetáculo vazio de conteúdo, mas repleto de vulgaridade. Mulheres seminuas rebolando e se insinuando, em tese, para os homens participantes, mas que na verdade é para o público e para a revista masculina que melhor pagar por um ensaio nu, sem falar nas discussões e “barracos gratuitos” protagonizados pelos seus “heróis”.

Após dez anos de muita audiência e dinheiro nos cofres da mais poderosa emissora de TV do Brasil, sua 11ª edição não obteve tanto sucesso como as demais, o que fez com que sua duração fosse diminuída pela metade. Será que a população já enjoou de tanto peito, bunda e apelo sexual, querendo um novo formato de reality show para apreciarem? Ou será que finalmente estão adquirindo a consciência de que há necessidade de mais cultura nos meios de comunicação? Isso só o tempo dirá… mas temo que essa consciência ainda tardará a chegar e enquanto isso, dá-lhe alienação.

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EUA e Obama – Os mais novos amigos de infância do Brasil

Uma homenagem de Maurício de Souza para a visita do presidente americano.

Texto: Juliana Ferraz

“Alô, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa. Boa tarde, todo o povo brasileiro”. Assim começa o tão esperado discurso de Barack Obama, presidente da (ainda) maior potência mundial, os Estados Unidos.

Foi em uma tarde de domingo, ocasião em que as famílias brasileiras costumam se reunir, que Obama discursou do Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, para todo o Brasil. Usando um tom irreverente e bajulador, o presidente da terra do Tio Sam elogiou nosso país, nosso futebol, nosso povo, nossa cultura e os nossos atuais governantes. Só o que ele se esqueceu de elogiar em seu célebre discurso, foi o nosso cobiçado petróleo.

Mas uma coisa não se pode negar, Obama é um cara estudioso, pronunciou muito bem algumas frases em português, falou sobre o Vasco e o Botafogo, sobre o filme “Orfeu Negro” e até um trecho de uma música de Jorge Benjor, onde ele afirmou que o cantor estava certo em dizer que aqui era “um país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”. Sim! Ele é muito aplicado!

Ah e como já é de seu costume, tinha que dar uma “levantada na bola” da nossa atual presidente. No passado ele disse que Lula era o cara! Hoje Obama permeou seu discurso com vários elogios à Dilma. “Ontem tive um encontro com sua maravilhosa nova presidente, Dilma Rousseff, e conversamos sobre como fortalecer a parceria entre nossos governos” e ainda explanou “Há décadas, foi aqui fora, na Praça da Cinelândia, o grito por mudança foi ouvido aqui, estudantes e artistas e políticos de todas as correntes ergueram faixas que diziam ‘abaixo a ditadura’… um dos jovens brasileiros envolvidos naquele movimento iria mudar para sempre a história deste país. A filha de um imigrante. Sua participação no movimento fez com que fosse presa e torturada por seu próprio governo. Ela sabe o que é viver sem seus direitos mais básicos pelos quais tantos lutam hoje. Mas ela também sabe o que é perseverar. Ela sabe o que é triunfar. Porque hoje é ela é a presidente de seu país, Dilma Rousseff”. Não se pode negar, ele é astuto e sabe que toda mulher não resiste a um elogio.

E por falar em democracia e liberdade, os Estados Unidos podem realmente se orgulhar, afinal, nunca se utilizaram de guerras, torturas e cassação de direitos para conquistar algo que queriam, não é mesmo?

Curioso, muito curioso. Foi só se falar em camada pré-sal e o Brasil começar a se destacar economicamente, que Obama começa a elogiar Lula, Dilma, o povo brasileiro e decidir vir com toda a família nos fazer uma visita de cortesia. Mas que político camarada e desinteressado.

O passado do Tio Sam o condena. Já se é sabido que ele é como criança mimada, quer ser o dono da brincadeira e tirar vantagem de tudo. Ai ai ai se não o deixam brincar como ele quer, de repente emburra e acaba com tudo, oras com uma bomba atômica, oras com uma invasão militar. É, Tio Sam não costuma saber brincar.

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SUBSÍDIO DE NATAL E O CAPITALISMO SELVAGEM

Texto: Juliana Ferraz

Um antigo presente natalino agita a economia. O subsídio de Natal criado em 1965, na era Vargas, presidente brasileiro que ficou conhecido como o eterno “Pai dos Pobres”. Esse título ficou bem abalado durante a era Lula, mas sim, ainda continua de Getúlio.

O tempo passou e o tal subsídio ganhou o apelido de 13º salário, dinheiro extra ansiosamente aguardado por 11 meses, pela maioria da população. O futuro desse dinheirinho é mais planejado do que a vida de um bebê durante a gestação. Para alguns ele vem como solução para as dívidas adquiridas, para outros como um incentivo para o consumismo desenfreado. Tem alguns que não aguentam esperar e se endividam com os bancos, na ilusão de que estão adiantando seu rico presentinho, esquecendo a tão temida taxa de juros.

Por falar em Natal, vamos pensar no real objetivo da data. Seria para comemorarmos o nascimento de Jesus (mesmo que simbolicamente, já que não se sabe ao certo a data de Seu nascimento). Então o que árvores, enfeites e o consumismo têm a ver?

Nada, não é mesmo? Mas são nessas coisas, que mais da metade dos brasileiros gastam seu 13º salário.

Tudo bem, eu sei que ele aquece a economia e gera muitas vagas temporárias de emprego, não sou contra isso. Só estou te convidando para refletir um pouco sobre o verdadeiro espírito de Natal.

Nessa época cometemos muitos dos sete pecados capitais, vou citar três deles:

A vaidade e, em excesso, não precisamos de todas aquelas roupas, sapatos e tudo mais que compramos e muitos nem usamos;

A inveja, sempre queremos ter uma casa mais enfeitada que a do vizinho, com a maior árvore de natal, com mais luzes, a guirlanda mais bonita e por aí vai;

A gula, não precisamos durante a ceia de três tipos de assados, dois tipos de arroz, cinco tipos de saladas e quatro sobremesas diferentes. A gente se entope de comida na ceia, requentamos no almoço do dia 25 e depois disso, boa parte das coisas já não é tão agradável ao paladar.

Podemos aquecer a economia, mas imbuídos do cristianismo trazido por Jesus. Não precisamos de tanta roupa, nem de tanta comida, nem de tantos enfeites em nossa casa. Escolha uma pessoa carente e o presenteie com roupas e calçados, dê-lhe também uma cesta básica e essa pessoa te dará o maior presente de todos, a gratidão seguido de um sorriso verdadeiro. Verá que para alguém você foi um Papai Noel e que garantiu se não um feliz, um Natal muito melhor.

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A vida é, com certeza, uma roda viva!

Foto: Agência Brasil

Texto: Juliana Ferraz

Década de 60, ditadura militar, repressão à liberdade de expressão, tortura, exílio, prisão e mortes.

Década de 60, jovens vão às ruas, mesmo censurados querem ser ouvidos, querem ter direitos, mas muitos são torturados, exilados, presos e mortos.

Nesse cenário, dentre tantos revolucionários surgem dois jovens, José e Dilma, ambos lutam pelo fim da ditadura e pelo retorno da tão sonhada e utópica democracia.

José, esse paulista da Mooca, estudou e foi presidente da União Nacional dos Estudantes, lutou, lutou e se exilou. Se instalando no Chile, onde estudou, lutou, lutou e se exilou, dessa vez nos Estados Unidos. Apesar da persistência de José, ele decidiu só estudar dessa vez e na terra do “Tio Sam” virou doutor e professor.

Dilma, essa mineira filha de poeta Búlgaro, mesmo tendo estudado em colégio de freira, de santinha não tinha nada. Lutou e lutou contra a ditadura militar, foi guerrilheira mesmo! Ao contrário de José, que procurou ter grande representação popular, ela preferiu a clandestinidade e teve que parar de estudar. Para continuar guerrilhando Dilma teve que ser Estela, Luiza, Maria Lúcia, Marina, Patrícia e Wanda, até que foi presa, torturada e condenada, tendo que voltar a ser apenas Dilma.

Os anos se passaram e no fim da década de 70, José e Dilma tentam ter uma vida normal de novo. Ele foi para São Paulo e ingressou de vez na política. Ela cansou de Minas Gerais e foi procurar sossego em um novo Estado. Em um novo Porto, Dilma decidiu ter uma vida mais Alegre e voltou a estudar e olha só que coincidência, se formou em economia, o mesmo curso que José já havia virado Doutor.

Enquanto José fundava um novo partido, o PMDB, cujos ideais se destoavam do então presidente da UNE, Dilma tentava trabalhar como funcionária pública concursada, mas seu passado guerrilheiro a fizeram ser considerada “subversiva” e ser demitida.

Enquanto a carreira política de José ia “de vento em popa”, a da Dilma demorava a decolar. Mas isso foi até conhecer o Luizinho, seu padrinho, que viu em Dilminha uma mulher de fibra e decidiu que seria ela sua sucessora e a convidou para trabalhar com ele em seu partido, o PT.

Luizinho é um velho conhecido do povão, carismático e brincalhão. Também lutou e lutou, quanto a estudar, humm… melhor deixar essa história para depois.

Depois de anos lutando pelos mesmos ideais de formas diferentes, as vidas de José e Dilma se encontram, mas não lutam mais pela mesma causa, agora eles se enfrentam. Após uma longa batalha, Dilma vence José. Seus parceiros e companheiros de partido entoam: “E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou… e agora José?”.

Enquanto Dilma faz um discurso emocionado, em que exalta o papel da mulher na sociedade, dizendo em certa parte: “A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!”. Olha só que bonitinho, um discurso digno de grandes populistas, não é que ela aprendeu direitinho a lição com o padrinho.

Já para José, triste e derrotado, só restou entoar o hino nacional: “Mas se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora à própria morte. Terra adorada! Entre outras mil, és tu Brasil! Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!”. Momento em que José tentou ser popular, dando a entender que estava dizendo até breve e não adeus.

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Televisão: a inocência perdida

Texto: Juliana Ferraz

Uma data extremamente marcante, 18 de setembro de 1950, dia oficial da primeira transmissão de televisão no Brasil. Esse incrível eletrodoméstico trazido por Assis Chateaubriand, polêmico e temido magnata das comunicações, encantou os brasileiros, conseguindo tirar o prestígio do rádio, no auge de sua “era de ouro”, quando toda a atenção da sociedade estava voltada para ele.

Esse novo meio de comunicação, muito influente e poderoso, continua até hoje, sessenta anos depois, encantando, ditando moda, opinião, hábitos, elegendo presidentes, criando celebridades (instantâneas ou não)… A atenção da sociedade brasileira agora amplia seus sentidos, antes ela era atingida somente pela audição, agora, além da audição, sua visão também é tomada pelo mundo fascinante da TV.

Os primeiros programas do tubo mágico eram repletos de personagens que ainda transmitiam a inocência da época, mas tabus foram sendo quebrados. O primeiro beijo transmitido em rede nacional causou grande furor… imaginem só, um beijo tipo “selinho” foi capaz de causar estranheza.

“Oh! que saudade que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais!…” (Casimiro de Abreu)

Os anos foram passando e esse meio de comunicação sessentinha está cada vez mais assanhado. Mulheres seminuas são vistas diariamente, rebolando, se insinuando ou em cenas de “quase sexo” e contam com grande audiência. Tamanho pequeno, médio e grande, tanto faz, viva a democracia.

A mulher, outrora cultivada por seu comportamento recatado e pudoroso, é explorada ao máximo. Primeiro vieram os personagens: tiazinhas, feiticeiras, ninjas… foram evoluindo, evoluindo… e agora o que mandam são as frutas: melancia, morango, jaca, pêra… uma feira quase que completa.

Programas educativos? Para quê? Isso não dá audiência. Vamos “emburrecer” nossas crianças com programas sem conteúdo, que incentivem a violência e a erotização infantil.

Outra coisa que virou febre é o sensacionalismo. Vamos explorar a pobreza, o sofrimento alheio, a violência, a vida das celebridades e o que mais der para explorar, mas tudo ao máximo, de forma massante, até que um novo assunto surja.

E os reality shows se proliferando como “chuchu na cerca”? Todos querem seus quinze minutos de fama. Para se ter mais destaque, principalmente nos sensacionalistas, expõem seus corpos, suas vidas, suas emoções, banaliza-se tudo, o que importa é ficar famoso.

E o tubo mágico sessentinha não aceita ficar velho não. Aliás, o tubo recentemente passou por uma “lipo” e está fininho, quase como uma folha de papel, está digital, interativo, cada vez mais dinâmico e presente na vida das pessoas. De eletrodoméstico evolui para eletroportátil, podendo ser carregado para todos os lugares, afinal, não se pode perder nada dessa programação tão rica de conhecimento, não é mesmo?

O povo brasileiro gosta é disso, dessa programação cada vez mais pobre e fútil, que não incentive o raciocínio, a criticidade e que forme sua opinião.

Pensar? Não! Dá muito trabalho, pode deixar que a TV faz isso por mim.

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“Quem tem conhecimento tem poder”

Texto: Juliana Ferraz

Os primeiros passos são os mais importantes em qualquer lugar… na vida, na profissão e principalmente na educação. Em todo país desenvolvido há um grande investimento na educação dos jovens, pois seus governantes sabem que ao se investir nisso, se fortalecem todas as outras áreas do Estado, principalmente sua economia.

Por que então no Brasil e principalmente no Estado de São Paulo, a educação não é uma prioridade? E também, por que foi implantado esse sistema de progressão continuada no Ensino Fundamental, no qual o aluno é aprovado e passa para outra série de qualquer maneira, tendo obtido o conhecimento ou não?

As respostas para essas perguntas, caro leitor, são simples, mas muito tristes.

Desde os primórdios é sabido que a população que tem conhecimento questiona, enxerga os erros dos seus líderes com mais facilidade e clareza e, consequentemente, cobra por melhorias e mudanças.

Por isso é que na Idade Média as pessoas que buscavam por livros eram consideradas “bruxas”, pois questionariam as arbitrariedades cometidas pela Igreja Católica na época. Assim, eram queimadas em praça pública pela “Santa Inquisição”.

Seguindo esse princípio, o governo retira a qualidade do Ensino Fundamental, que, como o próprio nome diz, é o fundamento, a base da formação intelectual do jovem. Dessa maneira, ele será um adulto que não criticará, não cobrará, aceitando como certo tudo que seu governo fizer, sendo mais fácil de manipular sua opinião, seu voto e as leis. Afinal, quem não quer mandar e desmandar em uma sociedade alienada?

Por isso, não se investe da devida maneira em educação; nos professores; não se incentiva a leitura, pois, como já dizia uma antiga citação, cujo autor não me lembro: “Quem lê pensa, quem pensa, jamais será um servo”.

E isto é exatamente o contrário do que a classe dominante quer, querem servos, marionetes fáceis de serem manipuladas, “vaquinhas de presépio”, dizendo amém para tudo e para todos.

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O isolamento do homem na aldeia global

Texto: Juliana Ferraz

A Internet seria a facilitação da comunicação ou da falta de comunicação? Segundo pesquisa realizada pelo Ibope/Nielsen, a cada três meses surgem um milhão e duzentos mil novos brasileiros, com mais de 16 anos, acessando a internet. Esses mesmos jovens estão cada vez mais se relacionando somente através de e-mails, messengers e sites de relacionamentos, sendo raros os contatos pessoais, considerados saudáveis e fundamentais na formação da personalidade e do caráter do jovem.

O adolescente está cada vez mais introspectivo e sem iniciativa, a insegurança que tinha de ser superada outrora, para seu crescimento e amadurecimento, é escondida pela tela do computador. Não é preciso mais olhar para alguém para se comunicar, na internet se considera mais corajoso, forte e capaz de conquistar o que almeja. Até mesmo o telefone está perdendo lugar, falar demanda muito mais coragem e confiança do que somente escrever algo que se pensa.Com o pretexto de economizar gastos, até mesmo empresas estão preferindo utilizar comunicadores virtuais ao invés do telefone, para comunicação com clientes e fechamento de negócios. Será mesmo uma economia ou são os mesmos jovens, com dificuldade para se comunicar pessoalmente, que estão entrando no mercado de trabalho?

O MSN Messenger, antes banido pelas empresas, agora domina 61% do mercado de comunicadores virtuais e seu uso é incentivado, através dele, além de se comunicar, pode se enviar documentos e realizar vídeo conferências. Nem as famosas reuniões de negócios são feitas pessoalmente hoje em dia.Não que a evolução da era digital seja ruim, pelo contrário, nunca se teve tanto acesso ao mundo, às informações e ao conhecimento como se tem agora, mas tudo em excesso é prejudicial.É de Aristóteles a afirmação de que “o homem nasce para viver em sociedade”, dessa maneira, já é sabido há tempos que as relações interpessoais são extremamente necessárias para o crescimento em todos os aspectos. A internet que nos traz o mundo, também pode nos isolar dele.

Nunca se teve tantos casos de distúrbios comportamentais como na sociedade atual, isso já seria um reflexo da web 2.0? É preciso analisar com cautela essa importante constatação, caso contrário, todos os amigos da sociedade acabaram sendo virtuais, com exceção do psicólogo e do psiquiatra.

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Bem-vindo ao blog da Juliana Ferraz!

Este é o novo blog da Juliana Ferraz. Seja bem-vindo!
Aqui você encontrará muitas reflexões, sejam elas em gotas ou extensas como o próprio oceano!

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