A vida é, com certeza, uma roda viva!

Foto: Agência Brasil

Texto: Juliana Ferraz

Década de 60, ditadura militar, repressão à liberdade de expressão, tortura, exílio, prisão e mortes.

Década de 60, jovens vão às ruas, mesmo censurados querem ser ouvidos, querem ter direitos, mas muitos são torturados, exilados, presos e mortos.

Nesse cenário, dentre tantos revolucionários surgem dois jovens, José e Dilma, ambos lutam pelo fim da ditadura e pelo retorno da tão sonhada e utópica democracia.

José, esse paulista da Mooca, estudou e foi presidente da União Nacional dos Estudantes, lutou, lutou e se exilou. Se instalando no Chile, onde estudou, lutou, lutou e se exilou, dessa vez nos Estados Unidos. Apesar da persistência de José, ele decidiu só estudar dessa vez e na terra do “Tio Sam” virou doutor e professor.

Dilma, essa mineira filha de poeta Búlgaro, mesmo tendo estudado em colégio de freira, de santinha não tinha nada. Lutou e lutou contra a ditadura militar, foi guerrilheira mesmo! Ao contrário de José, que procurou ter grande representação popular, ela preferiu a clandestinidade e teve que parar de estudar. Para continuar guerrilhando Dilma teve que ser Estela, Luiza, Maria Lúcia, Marina, Patrícia e Wanda, até que foi presa, torturada e condenada, tendo que voltar a ser apenas Dilma.

Os anos se passaram e no fim da década de 70, José e Dilma tentam ter uma vida normal de novo. Ele foi para São Paulo e ingressou de vez na política. Ela cansou de Minas Gerais e foi procurar sossego em um novo Estado. Em um novo Porto, Dilma decidiu ter uma vida mais Alegre e voltou a estudar e olha só que coincidência, se formou em economia, o mesmo curso que José já havia virado Doutor.

Enquanto José fundava um novo partido, o PMDB, cujos ideais se destoavam do então presidente da UNE, Dilma tentava trabalhar como funcionária pública concursada, mas seu passado guerrilheiro a fizeram ser considerada “subversiva” e ser demitida.

Enquanto a carreira política de José ia “de vento em popa”, a da Dilma demorava a decolar. Mas isso foi até conhecer o Luizinho, seu padrinho, que viu em Dilminha uma mulher de fibra e decidiu que seria ela sua sucessora e a convidou para trabalhar com ele em seu partido, o PT.

Luizinho é um velho conhecido do povão, carismático e brincalhão. Também lutou e lutou, quanto a estudar, humm… melhor deixar essa história para depois.

Depois de anos lutando pelos mesmos ideais de formas diferentes, as vidas de José e Dilma se encontram, mas não lutam mais pela mesma causa, agora eles se enfrentam. Após uma longa batalha, Dilma vence José. Seus parceiros e companheiros de partido entoam: “E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou… e agora José?”.

Enquanto Dilma faz um discurso emocionado, em que exalta o papel da mulher na sociedade, dizendo em certa parte: “A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!”. Olha só que bonitinho, um discurso digno de grandes populistas, não é que ela aprendeu direitinho a lição com o padrinho.

Já para José, triste e derrotado, só restou entoar o hino nacional: “Mas se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora à própria morte. Terra adorada! Entre outras mil, és tu Brasil! Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!”. Momento em que José tentou ser popular, dando a entender que estava dizendo até breve e não adeus.

Sobre Jean-Frédéric Pluvinage

Diretor da FoxTablet. Formado em Design Gráfico pelo SENAC e Jornalismo pelo CEUNSP. Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo LABJOR/UNICAMP.
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